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Boom Boom vs. Old Money: O Desfile da Ralph Lauren e o Choque de Estéticas no Luxo Contemporâneo

  • há 7 dias
  • 2 min de leitura

Em tempos de tensão econômica e clima de fim de era, a moda começa a flertar com o exagero como válvula de escape. A tendência apelidada de “boom boom”, um revival do consumo oitentista em sua versão mais brilhosa e barulhenta, ganha força em editoriais e redes sociais — e representa uma possível ameaça à estética old money, discreta e refinada, que reinou nos últimos anos. Em sua coleção de outono 2025, Ralph Lauren responde a essa tensão com uma proposta que mergulha no passado para reafirmar sua relevância no presente.


Quatro modelos descem uma escadaria de mármore com corrimão dourado durante o desfile de Ralph Lauren Outono 2025, usando vestidos de festa com inspiração oitentista em um cenário neoclássico.
Reprodução/Instagram

Pouco definido, altamente simbólico, o boom boom é uma reação estética ao possível colapso. Refere-se a um último suspiro de glamour exagerado antes que tarifas protecionistas, crises políticas ou uma nova recessão acabem com a festa. Pense em paetês, cores saturadas, volumes dramáticos, tudo com aquele toque de “não sei se vou ter amanhã, então brilho hoje”. É moda como escapismo, mas também como crítica velada — uma espécie de hedonismo com data de validade.

Ícone do lifestyle americano clássico, a Ralph Lauren se beneficiou enormemente da ascensão do visual quiet luxury nos últimos anos. A estética old money, com seu DNA equestre, paleta neutra e alfaiataria atemporal, tornou-se símbolo de elegância discreta — e sinônimo da marca. Mas se o boom boom se instalar como força dominante, o jogo vira. A exaltação do “menos é mais” pode perder espaço para o retorno de um maximalismo performático e nostálgico.


Na apresentação realizada em uma antiga sede bancária no estilo Beaux-Arts, transformada em galeria de arte em Tribeca, Ralph Lauren fez o que sabe fazer de melhor: olhou para o passado com afeto e soube reposicionar seu legado. A coleção trouxe de volta elementos dos anos 1980 — como paetês, jabôs de renda e vestidos de veludo roxo — sem abandonar sua assinatura clássica. O equilíbrio entre peças históricas e a narrativa moderna mostrou que, se for para mergulhar no boom boom, que seja com memória, elegância e propósito.

Mais do que apenas um desfile, a apresentação foi um comentário sobre o estado atual da moda e da sociedade. Em meio a incertezas econômicas e estéticas, Ralph Lauren mostra que talvez não seja necessário escolher entre boom boom e old money. A coexistência de ambos pode ser o novo luxo: vestir o passado com ironia e o futuro com intenção.



No embate entre o novo maximalismo e o luxo silencioso, Ralph Lauren nos lembra que as grandes marcas não precisam seguir tendências — elas podem reinterpretá-las com profundidade e autoridade. E talvez, em tempos de fim de festa, seja essa a verdadeira definição de estilo.

Donata Meirelles é consultora de estilo e atua há 30 anos no mundo da moda e do lifestyle.

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