Labubu: o brinquedo que virou desejo fashion — e por que ele tem tudo a ver com nosso tempo

Quem diria que um brinquedo de olhos grandes, cara emburrada e estética underground se tornaria o novo ícone do desejo fashion? Pois é exatamente isso que está acontecendo com os Labubu. Para os que ainda não foram apresentados: trata-se de uma série de toys colecionáveis criados pelo artista chines Kasing Lung, originalmente pensados para o universo da arte pop e dos colecionadores de design, mas que rapidamente ganharam o olhar atento da moda — e, claro, dos trendsetters ao redor do mundo.

Retrato do artista e designer chinês Kasing Lung, criador do personagem Labubu, ao lado de um dos modelos de brinquedo de vinil com expressão fofa e dentes afiados. — Pop Mart

Os Labubu não são fofinhos no sentido clássico. Eles são estranhos, às vezes sombrios, e totalmente irresistíveis. E talvez por isso estejam por toda parte: em vídeos virais no TikTok, em vitrines das concept stores mais hypadas do planeta e até nas mesas de cafés parisienses acompanhando uma bolsa Goyard ou um trench Burberry. Eles viraram companhia — e, mais do que isso, statement. Um símbolo de quem sabe onde o vento das tendências está soprando.

O mais fascinante nesse fenômeno é como ele conversa com um zeitgeist mais amplo. Em uma era que valoriza o inusitado, o lúdico e o autocuidado, os Labubu aparecem como um lembrete sutil de que a moda pode — e deve — ser divertida. Eles desafiam a lógica do “quiet luxury” e colocam na pauta a ideia de identidade, de gosto pessoal, de afeto por objetos que escapam das convenções.

E cá entre nós: isso tem tudo a ver com estilo. Porque, no fim do dia, o verdadeiro luxo é poder carregar o que se ama — seja um brinquedo excêntrico, seja um anel vintage com história, seja a liberdade de não seguir regras. A tendência dos Labubu pode parecer passageira para quem vê de fora, mas para quem entende de comportamento e moda como linguagem, ela é um reflexo claro do nosso desejo por autenticidade e afeto em tempos cada vez mais digitais.

Então, se você encontrar um Labubu por aí (quem sabe em uma concept store no Soho ou em um brunch em St. Barth...), não estranhe. Ele pode não falar, mas está dizendo muito sobre quem o escolheu.